Os Rastafáris
Os rastafáris, assim como tantos outros nichos culturais de todos os lugares do mundo, possuem uma maneira própria de se expressar, de usar a língua. O mais comum é a adoção de um vocabulário básico, constituído de gírias, que são derivações fonéticas de palavras ou neologismos, palavras criadas, cujo sentido escapa a terceiros, não pertencentes ou não familiarizados com determinado grupo (ou tribo cultural). O fenômeno da criação e utilização de gírias é parte de um processo natural de constituição de uma identidade, de um SER ALGUÉM. No caso dos rastafáris, este recurso gerou um repertório, (vocabulário ou léxico) e uma gramática com semântica e léxico (vocabulário) tão peculiares que a fala dos rastas certamente se aproxima do status de um dialeto, uma língua secundária. A linguagem rastafári surgiu na Jamaica, ilha do Caribe que foi um importante centro da monocultura latifundiária de diferentes momentos do ciclo da cana-de-açúcar (período da economia ocidental em que predominou o comércio da cana-de-açúcar). Por esta razão, econômica, a Jamaica foi um pólo receptor de mão-de-obra escrava, negros provenientes de diferentes regiões da África, a partir de seu descobrimento, por Cristóvão Colombo, em 1494. A Ilha passou quase dois séculos dominada por espanhóis até ser capturada definitivamente pelos ingleses. Chamado de Patois, (patoá) o dialeto rasta se estrutura sobre duas técnicas ou modos de apropriação e resignificação de termos, herança colonial da mistura entre a língua inglesa e línguas africanas. A primeira técnica é o sincretismo semântico; a segunda, fundamentada em um dogma religioso arcaico, reside em uma mística utilização do pronome pessoa de primeira pessoa do singular: “Eu” ou “I”.
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